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Angela Davis

Angela Davis – Filósofa, professora, escritora e ativista.

Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.”

Nascida no dia 26 de fevereiro de 1944, no Alabama, Estados Unidos, a militante tornou-se um dos maiores símbolos do movimento negro e feminista do mundo. Como mulher negra, Davis enfrentou inúmeros preconceitos, entre eles o racismo e machismo eminentes na sociedade norte-americana.

Quando nasceu, o país ainda era regido pelo sistema de segregação racial. O bairro onde a ativista cresceu era marcado por atentados em casas de famílias negras e igrejas, realizados com explosivos por parte de fundamentalistas brancos.

Na adolescência, Davis organizou um grupo de estudos sobre as questões raciais. O seu grupo foi descoberto, perseguido e proibido pela polícia. Após concluir os estudos básicos, aos 19 anos de idade, Davis mudou-se para o estado de Massachusetts, no norte dos Estados Unidos, para estudar na Universidade de Brandeis. Apesar de o racismo ser um fenômeno presente em todo lugar, os estados do norte dos Estados Unidos estavam muito à frente em questões raciais, não havendo, por exemplo, política de segregação racial. Apenas quando passou a estudar filosofia, ela pôde iniciar a militância intelectual — pela qual é conhecida hoje em dia. Na Universidade estudou com Herbert Marcuse, com quem aprimorou seus ideais de esquerda numa época de macarthismo e Guerra Fria.

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Em 1963, ano em que Davis mudou-se para Massachusetts, um ataque terrorista marcou de forma dramática a história da sua cidade natal, Birmingham, no sul dos Estados Unidos. Em 15 de setembro, a Igreja Batista da 16th Street, um ponto de encontro de militantes pró-direitos civis, foi bombardeada por uma conhecida organização supremacista branca, a Ku Klux Klan. Quatro adolescentes negras morreram no atentado motivado por racismo, e as quatro eram conhecidas de Angela Davis. Ainda outras 22 pessoas ficaram feridas. O caso foi considerado um dos crimes mais chocantes da história estadunidense. A partir disso, para ela, esse caso deflagrou completamente as raízes escravistas, coloniais e violentas do país onde nascera, a levando a radicalizar suas posições.

Em 1965, terminou a sua graduação obtendo a qualificação magna cum laude no exame profissional – o equivalente a um prêmio de distinção por excelência no desempenho acadêmico. Por meio de outra bolsa, dessa vez outorgada pelo governo da Alemanha Ocidental, pôde continuar os estudos em filosofia na Universidade de Frankfurt, onde foi aluna de Theodor Adorno e Jürgen Habermas. Regressou aos Estados Unidos em 1967, dessa vez para San Diego, na Califórnia, onde terminaria a sua pós-graduação sob a orientação de Marcuse.

Davis integrou-se ativamente na luta social, tendo filiado-se ao SNCC, que era uma organização antirracista.  Depois aderiu a um estilo de luta pelos direitos mais radical, filiando-se ao Partido dos Panteras Negras, ficando conhecido mais tarde como Movimento dos Panteras Negras.  Nessa época, a ativista também se filiou ao Partido Comunista dos Estados Unidos.

Como uma das principais denunciantes dos traços horrendos do racismo da sociedade estadunidense, Angela Davis passou a ser perseguida por forças políticas reacionárias e defensoras do segregacionismo. 

 Em 1969, por suas ligações com o Partido Comunista e com os Panteras Negras, Davis foi demitida da Universidade da Califórnia, onde ela lecionava Filosofia. Em 1970, o cerco contra ela se tornou ainda mais pesado. Lutando contra a prisão injusta de negros nos Estados Unidos, a filósofa foi vítima de um “mal-entendido” que a colocou na lista dos dez criminosos mais procurados pelo FBI, acusada de conspiração, sequestro e homicídio.

Durante o verão daquele ano, Angela estava envolvida nos esforços dos Panteras Negras para conquistar o apoio da sociedade a três militantes presos, conhecidos como os “Irmãos Soledad”.O irmão de um dos rapazes presos, Jonathan Jackson, de apenas 17 anos, invadiu o tribunal com mais dois comparsas, todos armados, sequestrou, em uma van, o juiz, o promotor e os jurados. No estacionamento, Jonathan Jackson gritou dizendo que queria em troca dos reféns a libertação dos Irmãos Soledade. O resultado do episódio foi trágico: a polícia perseguiu os sequestradores, houve um tiroteio, Jonathan Jackson matou o juiz sequestrado, o promotor levou um tiro da polícia e ficou paraplégico e os sequestradores foram mortos pelos policiais.

Angela foi acusada de ter comprado as armas utilizadas no crime, o que, pela lei da Califórnia, a ligava diretamente aos assassinatos. Angela Davis foi tratada como uma terrorista de alta periculosidade e permaneceu foragida até outubro de 1970, quando foi presa em Nova Iorque. Houve uma intensa busca por ela, com alta cobertura midiática. O seu julgamento durou dezoito meses intensos para o movimento negro e para a sociedade em geral, que passava a discutir a prisão injusta de pessoas negras. Enquanto estava na prisão, muitos núcleos da sociedade civil se mobilizaram nas ruas pela sua liberdade, levando a classe artística a se manifestar a seu favor. Contudo, a ativista só foi inocentada em 1972, fortalecendo ainda mais suas posições abolicionistas e anticapitalistas.

Depois que saiu da prisão, Davis se dedicou ao ensino e à pesquisa de história, gênero, classe e estudos étnicos, participando de grupos em universidades pelo mundo inteiro.  Tornou-se uma destacada professora de Filosofia e História em várias universidades prestigiadas nos Estados Unidos. Escreveu e publicou vários livros, militou pelo fim da Guerra do Vietnã, contra o racismo e pela igualdade de gênero. Ao longo das décadas, nunca deixou de se posicionar politicamente, sendo a porta-voz de importantes pautas que transcenderam o programa dos Panteras Negras, como a oposição à Guerra do Vietnã, a denúncia da Guerra ao Terror de Bush e a luta LGBTQIA+, além de questões como o fim da pena de morte, combate ao racismo e oposição ao sistema carcerário.

(*Embora o nosso texto seja elaborado a partir de referências e fontes explicitadas abaixo, alertamos que poderá conter simplificações a fim de resumir narrativas e adequar ao espaço proposto pelo blog. Att.: Black Blog/Estrela Preta)

 Fontes

Angela Davis: Radical e libertária. Revista Cult, jun 2017. Disponível em < https://revistacult.uol.com.br/home/angela-davis-radical-e-libertaria/ >
Angela Davis: biografia,militância, ideias, obras. Brasil Escola.                                                                            Disponível em < https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/angela-davis.htm >
Abolicionista, anticapitalista e feminista: Há 77 anos nascia a ativista Angela Davis.                                          Aventura na História,  jan 2021. Disponível em < https://bit.ly/3a0QPt2 >

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