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Lewis Hamilton

Sir Lewis Carl Davidson Hamilton – Automobilista e ativista. 

 

Ao final da prova, que o consagrou heptacampeão mundial de F1 em 2020, o emocionado Lewis Hamilton mandou uma mensagem para os jovens que sonham com um futuro melhor.

“É muito importante que as crianças vejam isso. Não dê ouvidos a ninguém que lhe diga que você não pode alcançar algo. Sonhe o impossível. Fale com ele. Você tem que trabalhar por isso, persegui-lo e nunca desistir!”.

O primeiro piloto negro da categoria é considerado o melhor de todos os tempos. Além de provar que é possível sonhar, Hamilton disse que seguirá lutando por um mundo “diversificado e inclusivo”. Disse o heptacampeão. “Prometo que não vou parar de lutar por mudanças.”

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Nascido em 1985 na cidade de Stevenage, na Inglaterra, o pequeno Hamilton já vencia adultos em pequenas competições de carros de controle remoto aos seis anos de idade, quando ganhou o primeiro kart do pai e percebeu a paixão pelas pistas. Hamilton e seu pai, Anthony, costumavam percorrer a Inglaterra carregando um kart de segunda mão para as competições. O rendimento do garoto nas corridas, mesmo com equipamento inferior aos demais, acabou chamando a atenção da McLaren, que o contratou para fazer parte do programa de jovens pilotos da equipe em 1997, quando ele tinha 12 anos. Sem este suporte, o hoje heptacampeão do mundo teria desistido da carreira na F-1.

Não foi um processo fácil a caminhada de Hamilton desde que era um “estranho no ninho” até se tornar um catalisador de mudanças no esporte, tanto abrindo a discussão sobre a falta de diversidade, quanto discutindo pautas ambientais. Quando o inglês estreou na categoria, aos 22 anos, em 2007, pela então sisuda e conservadora McLaren, até evitava tocar em temas raciais. Dizia que não queria ficar marcado apenas como o primeiro negro da categoria.

Na segunda temporada de Hamilton na F-1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) teve de lançar a campanha “Corrida contra o Racismo” durante o GP da Espanha para tentar coibir os constantes ataques racistas dirigidos ao piloto. O prodígio piloto foi campeão da temporada 2008, com apenas 23 anos de idade.

A questão racial obviamente fez parte da vida de Hamilton desde a infância. Os negros são minoria no Reino Unido, especialmente, nas pistas de kart. O piloto foi ensinado pelo pai, Anthony Hamilton, que era melhor engolir os insultos e “responder na pista”. “Quando eu comecei, segui o conselho do meu pai para trabalhar dobrado, não revidar, fechar a boca e deixar que a minha pilotagem falasse por mim. Era só quando eu estava de capacete que eu me sentia livre para ser eu mesmo.”

Durante algum tempo em sua carreira, Hamilton evitou abordar temas como identidade negra e racismo. Perguntas direcionadas a preconceito e diversidade na F-1 eram desestimuladas em seus encontros com a imprensa. Mas isso mudou com o amadurecimento do inglês.

Em um texto para a BBC, em 2014, o piloto afirmou: “Quando comecei na Fórmula 1, tentei ignorar o fato de que eu era o primeiro cara negro a correr no esporte. Mas, à medida que fiquei mais velho, comecei a dar valor às implicações disso. É um sentimento muito legal ser a primeira pessoa a derrubar uma barreira – assim como as irmãs Williams fizeram no tênis ou o Tiger Woods, no golfe.”

No ano de 2011, quando foi  para a Mercedes, houve também um começo de mudança de postura. A equipe lhe permitiu firmar contratos que cada vez mais lhe dava autonomia para tocar seus projetos extra-pista. A voz de Hamilton ia ganhando mais importância à medida que colecionava vitórias. A mudança em sua abordagem trouxe reflexões sobre o mundo hoje, sobre ancestralidade e a educação que recebeu quando criança. Ele cita, por exemplo, o acesso limitado que teve de informações sobre episódios marcantes na História, como a diáspora africana, e até a história de seus próprios antepassados. Assim, ele passou a ser mais atuante, levantando bandeiras relacionadas à diversidade e ao ambientalismo, tema em que se aprofundou depois de se tornar vegano, em 2017.  

Sua carreira na Mercedes é simplesmente espetacular, vencendo nas pistas os campeonatos de 2014, 2015, 2017, 2018, 2019, 2020 e segue batendo todos os recordes da modalidade mais importante do automobilismo. Ao mesmo tempo, o ícone do esporte desperta o interesse do mundo por seu ativismo por causas nobres. 

Hamilton se posicionou firmemente em apoio ao movimento Black Lives Matter após o assassinato do segurança americano George Floyd. Corredor pela Mercedes, o piloto teve o carro pintado de preto, compareceu às corridas de 2020 vestido com blusas de apoio à causa e se ajoelhou antes do início dos circuitos junto à equipe. Ele não conseguiu convencer todos os pilotos a se ajoelhar nos atos e, como barreira, viu a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) proibir o uso de camisetas no pódio após uma manifestação sua no GP da Toscana. Sua atitude promoveu uma discussão positiva sobre representatividade e diversidade na política da sua equipe e na própria F1.

E como se estivesse vestido de Pantera Negra (com o uniforme preto da Mercedes), que o piloto bateu  recordes e foi o campeão 2020, somando  sete títulos mundiais. Ainda que, dentro da pista, não exista muito mais o que conquistar. Fora dela, Hamilton está no começo. 

Embora pareça improvável que Hamilton dê um tempo em sua carreira neste momento, o britânico de 36 anos estabeleceu seus critérios para uma futura aposentadoria. Ele acredita que suas outras paixões são vitais para ajudá-lo a encontrar o equilíbrio em sua vida. Os interesses de Hamilton fora do automobilismo são bem conhecidos, com o piloto lançando uma linha de moda com Tommy Hilfiger e lançando músicas sob o pseudônimo de XNDA.  “Não significa que porque você é bom em uma coisa e tem sucesso nessa coisa, que você não pode ter outras atividades que também contribuam para isso, então eu tento fazer outras coisas que estou apaixonado”, acrescentou.

Lewis Hamilton usa as redes e seu poder de alcance para promover discussões sociais que vão além do racismo. O britânico se tornou um defensor ferrenho dos direitos dos animais e mudou a própria dieta para reforçar esta posição. O piloto britânico quer deixar exemplos mais relevantes para o mundo para além das vitórias na categoria máxima do automobilismo. “É poderosa a mensagem que podemos passar para as pessoas. Você nesta posição pode dar esperança para as pessoas. O fato é que todo mundo pode lutar por algo e passar uma mensagem. Pelas pessoas que estão comigo nesta jornada, vou continuar”, completa o heptacampeão que se comunica a cada postagem no Instagram com mais de 13,6 milhões de pessoas. 

Para fora das pistas, projetos como a comissão de diversidade que está sendo formada por ele, a estreia de sua equipe, a X44,  no Extreme E, o revolucionário campeonato com carros elétricos off-road, que busca chamar a atenção para as consequências do mau uso do meio-ambiente, dão a tônica do caminho futuro do maior vencedor da história da F1. 

Em meados de 2021 após dez meses de trabalho, a Comissão Hamilton desenvolveu um relatório que revela a lacuna de diversidade racial no automobilismo, investigando as barreiras no acesso na Fórmula 1 e outras categorias. Para mudar esse cenário, formulou propostas que visam incentivar e apoiar pessoas negras, responsabilizar instituições, repartições públicas e pessoas em cargos de comando sobre o que fazem para fomentar a equidade e promover oportunidades que engajem jovens negros, entre outras dignas ações.

(*Embora o nosso texto seja elaborado a partir de referências e fontes explicitadas abaixo, alertamos que poderá conter simplificações a fim de resumir narrativas e adequar ao espaço proposto pelo blog. Att.: Black Blog/Estrela Preta)

 

Fontes

Lewis Hamilton, maior vencedor da história, se importa mais com legado. Uol Esportes,  out 2020. Disponível em <https://bit.ly/2Yr1Nmc>                                                                                                                                       
Uma luta constante. Uol Esportes, nov 2019. Disponível em <https://bit.ly/2M4UQFf >
Como o 1º piloto negro da história da Fórmula 1 deu vida nova ao esporte. Hypeness 2020. Disponível em <https://bit.ly/3sZIL4J  >                                                                                                                                                          
Hamilton comenta que adora correr mas também pensa no futuro. F1Mania, jan 2021. Disponível em <https://bit.ly/3a9fH28 >                                                                  
 

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