Carolina Maria de Jesus – Escritora brasileira.
“Quem não tem amigo mas tem um livro tem uma estrada.”
Nascida na cidade mineira de Sacramento em 1914, era neta de escravizados e filha de uma lavadeira analfabeta. Carolina cresceu em uma família humilde e com mais sete irmãos. Apesar de bem pouco tempo na escola, teve uma educação formal de apenas dois anos, logo desenvolveu o gosto pela leitura e escrita. Em 1924, em busca de oportunidades, sua família mudou-se para Lageado, onde trabalharam como lavradores em uma fazenda, migrando para Franca (SP)e Conquista (MG). Em 1927, retornaram para Sacramento. Foi injustamente acusada de roubo junto com sua mãe – fato que a levou à prisão até que se descobrisse que não havia roubo algum. Após a morte da sua mãe, rompeu com sua vida no interior de Minas Gerais e se mudou para a cidade de São Paulo em 1937.
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Carolina durante anos trabalhou como empregada doméstica. Em 1948, foi viver na favela do Canindé, onde nasceram seus três filhos. Enquanto viveu ali, sua forma de subsistência era catar papéis e materiais recicláveis. Lê tudo que recolhe e guarda as revistas que encontra. Estava sempre escrevendo o seu dia a dia. A vida não era nada fácil na comunidade e seu convívio era bastante conturbado com seus vizinhos. Nessa realidade bruta, com a mediação do jornalista Audálio Dantas, daria origem ao livro autobiográfico “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, obra de 1960, que levaria seu nome à posição de destaque na literatura brasileira. Um relato devastador da realidade de fome, violência e abusos em uma favela de São Paulo, chocou e tocou o mundo e foi um dos livros brasileiros mais vendidos da história. Com a repercussão da estreia, o título foi traduzido para 15 idiomas e vendido em mais de 40 países.
“O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer.”
O sucesso de vendas representou sua saída da favela do Canindé e a hostilidade dos moradores daquela comunidade, que se sentiram expostos na obra então recém-lançada.
Enfrentou o preconceito de uma sociedade que, em grande parte, relacionava o talento de Carolina com a figura de Audálio (um homem branco e letrado). Por outro lado, também não foi bem recebida no bairro de classe média onde resolveu morar com os filhos. A partir do segundo livro, “Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada”, Carolina voltou, contudo, ao ostracismo. É autora ainda de “Provérbios” e “Pedaços da fome”, de 1963. Sua última obra, é o livro póstumo “Diário de Bitita: um Brasil para brasileiros”, seria publicada primeiro na França, com o título de Journal de Bitita, e no Brasil em 1986.
Apesar de ter um livro transformado em best seller, Carolina não se beneficiou com o sucesso e não demorou muito para voltar à condição de catadora de papel. Em 1969, mudou-se com os filhos para um sítio no bairro de Parelheiros, em São Paulo, época em que foi praticamente esquecida pelo mercado editorial. Carolina Maria de Jesus morreu em 1977.
“Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade.”
(*Embora o nosso texto seja elaborado a partir de referências e fontes explicitadas abaixo, alertamos que poderá conter simplificações a fim de resumir narrativas e adequar ao espaço proposto pelo blog. Att.: Black Blog/Estrela Preta)
Fontes
Sobre Carolina Maria de Jesus. IMS. Disponível em <https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-carolina-maria-de-jesus/ >
Brasil Escola UOL. Disponível em< https://brasilescola.uol.com.br/literatura/carolina-maria-jesus.htm>
E-Biografia. Disponível em < https://www.ebiografia.com/carolina_maria_de_jesus/ >
Vida e obra da escritora. Pravaler. Disponível em < https://bit.ly/3pbdQ2V >
Curta-Metragem
