Dandara dos Palmares – Guerreira, líder quilombola e Heroína da Pátria.
Dandara dos Palmares é sem dúvida umas das maiores inspirações para a luta dos negros e negras no Brasil ao longo dos séculos. Sua existência ainda hoje é reverenciada como ato de resistência contra o regime escravocrata. Guerreira do período colonial do Brasil, Dandara foi esposa de Zumbi, líder daquele que foi o maior quilombo das Américas: o Quilombo dos Palmares. Ela teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton.
Atualmente, Dandara é aclamada oficialmente como Heroína da Pátria. Decisão foi feita em 2019. A inclusão dela veio 22 anos depois que Zumbi dos Palmares teve seu nome incluído no mesmo livro oficial. Apesar do reconhecimento tardio como uma verdadeira heroína brasileira, é de extrema importância esse ato, é uma vitória significativa sobretudo para as mulheres negras.
Agora pesquisadores e historiadores defendem ampliar a participação da biografia de Dandara, citando-a como uma guerreira que lutou e foi líder estrategista no quilombo dos Palmares. Dandara dominava técnicas da capoeira e lutou ao lado de homens e mulheres nas muitas batalhas consequentes a ataques a Palmares, estabelecido no século XVII na Serra da Barriga, situada na então Capitania de Pernambuco em região do atual estado de Alagoas, cujo acesso era dificultado pela geografia e também pela vegetação densa.
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Não há registros do local onde nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Segundo Helcias Pereira, coordenador do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, para o Universa/Uol, Dandara foi omitida de relatos porque a história “é contada pelos vencedores”. No caso de Dandara, diz, não há documentação comprobatória porque os assassinos dos negros rebelados quiseram omitir sua presença. “Existem várias versões, até porque a figura de Dandara é uma figura que foi resgatada pela oralidade do movimento negro, nenhum livro oficial na verdade traz a história dessas mulheres quilombolas, com exceção de Aqualtune (mãe de Ganga Zumba).” Ainda na mesma matéria, a autora do livro “A ocupação das terras do Quilombo dos Palmares e criação das vilas”, Genisete de Lucena Sarmento, pesquisou vários documentos da época do Quilombo e percebeu como é difícil achar algo referente a Dandara. Ela acredita que há muito a ser pesquisado e contado não só sobre ela, mas sobre os negros que viviam no local e lutaram contra a escravidão.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. O líder que antecedeu Zumbi tentava manter relações amigáveis com os portugueses e holandeses que sustentavam o sistema escravista colonial na colônia brasileira, e Dandara teria sido relevante no desenvolvimento da personalidade política de Zumbi, que rompeu com Ganga Zumba e assumiu uma posição mais dura com o governo de Pernambuco.
Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Quilombo dos Palmares resistiu por mais de 100 anos. Há relatos de que ela tenha se suicidado, pulando em uma pedreira após ser capturada em 06 de fevereiro de 1694, para não voltar à condição de escravizada.
(*Embora o nosso texto seja elaborado a partir de referências e fontes explicitadas abaixo, alertamos que poderá conter simplificações a fim de resumir narrativas e adequar ao espaço proposto pelo blog. Att.: Black Blog/Estrela Preta)
Fontes