Jean-Michel Basquiat – Artista Plástico norte-americano.
Basquiat nasceu em 1960, no Brooklyn, Nova York, nos EUA. Ele era filho do haitiano Gerard Basquiat, ex-ministro de interiores do Haiti, que trabalhava em um bem sucedido escritório de contabilidade; e de Matilde Andrades, uma designer gráfica porto-riquenha que teve uma importante influência em sua obra. Duas irmãs, ambas mais novas, completavam a família.
Desde pequeno, Jean-Michel mostrava interesse pelo desenho. Matilde, induziu o amor pela arte em seu filho desde cedo, levando-o para museus de arte em Manhattan e matriculando-o como um sócio mirim do Brooklyn Museum of Art, seu museu favorito. Ela também estimulava o gosto pela leitura. Não demorou para o pequeno Basquiat se tornar um leitor voraz. Posteriormente, Jean-Michel Basquiat se interessou muito pelo cinema e por desenhos animados. Particularmente, ele sentia uma profunda fascinação pelos filmes de Alfred Hitchcock.
Quando tinha apenas 8 anos, ele foi atropelado por um carro e ficou hospitalizado durante um mês, o acidente lhe fez quebrar um braço e perder o baço. No hospital foi presenteado pela mãe com uma cópia da revista Grey’s Anatomy, a partir desse momento, os primeiros desenhos com noções de anatomia por Basquiat passaram a surgir.
Aos 14 anos, lidou com a separação dos pais. E mudou-se com Gerard Basquiat, seu pai, e suas duas irmãs para Porto Rico. Ele viveu na ilha caribenha entre 1974 e 1976. Aos 15 anos, ao fugir de casa, o artista acabou sendo preso horas depois e foi devolvido aos cuidados de seu pai. E nesse mesmo período conturbado, Basquiat viu a mãe ser internada em instituições psiquiátricas.
De volta a Nova Iorque, estudou na Edward R. Murrow High School, mas não concluiu o curso. Depois de algumas semanas, ele se transfere para a City-as-School, uma escola progressista em Manhattan. Projetado para crianças superdotadas e talentosas que acham difícil o processo educacional tradicional. Na City-as-School, Basquiat conhece Al Diaz, eles se tornam amigos íntimos e primeiros colaboradores artísticos.
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Filho de imigrantes e um dos poucos negros no Sudeste de Manhattan, o racismo que sofreu influenciou fortemente suas obras, formando sua personalidade crítica como artista.
Em dezembro, Basquiat foge novamente, desta vez por cerca de duas semanas, passando um tempo no Washington Square Park em Greenwich Village, um lugar que ele e Diaz frequentavam. Depois de muito procurar, Gerard Basquiat o encontra e o leva para casa. Basquiat proclama: “Papai, um dia serei muito, muito famoso.”
“Jean-Michel pretendia ser uma estrela” (Gerard Basquiat).
Aos 17 saiu definitivamente de casa. Viveu por um tempo nas ruas até começar a dividir casas com amigos ou namoradas. E foi quando passou a pintar camisetas e vender nas ruas de Nova Iorque. Falava abertamente de seu passado traumático, e da violência doméstica que sofreu na infância por parte de seu pai.
Com a companhia do amigo Al Diaz, iniciaram o pseudônimo SAMO© (trocadilho com a frase “same old shit”, traduzido “ sempre a mesma merda”, grafitando prédios de Manhattan, o metrô de Nova Iorque e vendendo pessoalmente camisetas e cartões personalizados com sua arte. Basquiat também tinha forte ligação com poesia e música, e se tornava uma figura cada vez mais popular. Fundou a banda “Gray” em 1979 com o artista Michael Holman, a banda era formada por Nicholas Taylor, Tomilho Justin e Vincent Gallo.
O pseudônimo SAMO© abriu portas e começou a aparecer em umas entrevistas no canal a cabo. E os amigos de banda Basquiat e Gallo atuaram no filme Downtown 81, conhecido também como New York Beat Movie, que retrata a subcultura da era pós-punk de Manhattan, dirigido por Edo Bertoglio, filmado entre 1980/1981 e lançado em 2001. A trilha sonora tinha algumas gravações raras da Gray. A carreira cinematográfica de Basquiat também incluiu uma aparição no vídeo “Rapture” da banda Blondie.
Pouco depois de um artigo no jornal The Village Voice, Basquiat e Diaz têm uma briga que termina com a colaboração do SAMO©. E “SAMO© IS DEAD” (SAMO ESTÁ MORTO) começa a aparecer em várias paredes do SoHo.
Numa entrevista às escritoras Tamra Davis e Becky Johnston em meados de 80, Basquiat explicou as motivações por trás do seu trabalho como SAMO©.
“Eu estava mais interessado em atacar o circuito de galerias naquele tempo. Eu não pensava em fazer pinturas”, ele relembrou. “A arte era majoritariamente mínima quando eu surgi e isso confundiu-me um bocado. Eu pensava que isso dividia um pouco as pessoas. Pensava que isso alienava muitas pessoas da arte”
Apesar das críticas de Basquiat ao establishment artístico, ele admirava dezenas de seus mais renomados artistas, regularmente citando Robert Rauschenburg e Andy Warhol como seus ídolos. Ele era particularmente fascinado por Warhol, que já tinha revolucionado o curso das artes plásticas como figura central da Pop Art.
O encanto de Basquiat pelo estrelato e “esgotamento” é um assunto recorrente em sua vida. Jimi Hendrix e Janis Joplin, duas pessoas cujo trabalho e realizações artísticas Basquiat admira, morreram de overdose de drogas aos 27 anos em 1970. Sua admiração por músicos, cantores e boxeadores como Joplin, Hendrix, Charlie Parker, Billie Holiday, Sugar Ray Robinson e Joe Louis é mostrado mais tarde em várias pinturas.
Em 1978, Basquiat corajosamente aborda o consagrado artista e seu ídolo Andy Warhol e o influente curador Henry Geldzahler dentro do restaurante WPA do SoHo; ele vende um cartão-postal para Warhol. E iniciam ali uma improvável amizade, que em pouco tempo se tornará decisiva nas carreiras artísticas e vidas, tanto do jovem artista “preto” do Brooklyn, como do ícone do movimento Pop Art.
“Eu não sou um artista negro, sou um artista.” (J.M. Basquiat)
Basquiat começou a ser mais amplamente reconhecido em junho de 1980 quando participou do The Times Square Show, uma exposição de vários artistas patrocinada por uma instituição de nome “Colab”. Nesse tempo, Basquiat era frequentemente visto com pessoas de grande importância no mundo artístico. Mantinha um relacionamento com uma cantora desconhecida que se apresentava sob o nome de “Madonna”.
Em 1981, aos 20 anos, as paredes do Brooklin já eram pouco para o artista que agora conquistava os museus da cidade de Nova York. Vendendo suas pinturas nas galerias do SoHo, um bairro de Manhattan, em Nova York.
Não muito mais tarde, Warhol se tornou um grande entusiasta das primeiras pinturas de Basquiat, introduzindo o jovem artista e o seu trabalho na sua vasta rede de artistas influentes, escritores, curadores e galeristas. Eles desenvolveram ambos uma produtiva relação profissional e uma profunda amizade.
“Eu nunca tinha visto Andy tão próximo de alguém, e eu nunca tinha visto Jean tão próximo de alguém – estes homens realmente amavam-se um ao outro,” relembrou o negociador e curador de arte Jeffrey Deitch.
Basquiat ficou conhecido internacionalmente, e começou a pintar telas que foram comercializadas em Nova Iorque, Los Angeles, Zurique e Tóquio.
A arte de Jean-Michel Basquiat era chamada pelos críticos de “primitivismo intelectualizado”, com tendência ao neoexpressionismo. Outros críticos apenas como neoexpressionismo.
“Eu não conheço ninguém que precise de um crítico para entender o que é a arte!” (J.M. Basquiat)
Os anos de 1982 a 1985 foram os mais produtivos da carreira de artista, coincidindo com a amizade com Warhol, época que fez colagens e quadros com mensagens escritas. Nessa época participou de grandes exposições.
Em 1985, os dois artistas estavam colaborando numa série de trabalhos para a exibição “Pinturas de Warhol/Basquiat.”
Porém, desde 1984, muitos de seus amigos estavam preocupados com seu uso excessivo de drogas e seu comportamento paranóico.
No dia 10 de fevereiro de 1985, Basquiat foi capa da revista do The New York Times, em uma reportagem dedicada inteiramente a ele. Com o sucesso, foram realizadas diversas exposições internacionais em todas as maiores capitais europeias. A reportagem foi nomeada “New Art, New Money” (Nova Arte, Novo Dinheiro). Esse ano foi o ápice de sua carreira, a capa rendeu-lhe bons frutos e sua arte foi reconhecida e exposta em turnês na Europa, com apenas 25 anos, Basquiat era um prodígio de sucesso imensurável. Tristemente, o ápice de sua carreira era também o ápice da sua relação com as drogas.
Warhol era uma das poucas pessoas que tinham um certo poder sobre Basquiat. Os dois artistas tiveram um desentendimento sobre a exposição – Basquiat ficou zangado quando ele foi referido como ajudante de Warhol pela crítica na imprensa. Quando Warhol morreu, em 1987, Basquiat ficou completamente arrasado com a partida do grande amigo.
Jean-Michel Basquiat morreu de um coquetel de drogas (uma combinação de cocaína e heroína conhecida popularmente como “speedball”) em seu estúdio, em 1988 com apenas 27 anos de idade.
Tornou-se um dos maiores artistas da sua geração, e estabeleceu um legado imenso que perdura nos dias de hoje. Sua contribuição no mundo das artes plásticas é enorme, assim como sua representatividade e importância para pretos e pretas espalhados por todo o mundo. Sua arte continua muito viva, forte e atual. Seu talento inesgotável o tornou uma lenda. Sua história e fama que teve início nas ruas, nos muros e metrôs da sua cidade ganhou as galerias e museus mais importantes de todo planeta. O tempo provou o quanto erraram todos aqueles críticos que por tantas vezes tentavam ridicularizar as suas obras. Basquiat é simplesmente eterno!
(*Embora o nosso texto seja elaborado a partir de referências e fontes explicitadas abaixo, alertamos que poderá conter simplificações a fim de adequar ao espaço proposto pelo blog. Att.: Black Blog/Estrela Preta)
Fontes
Jean-Michel Basquiat. Disponível em < https://www.basquiat.com/ >
Jean-Michel Basquiat em Como Ser Um Artista. Buala-2021. Disponível em <https://www.buala.org/pt/palcos/jean-michel-basquiat-em-como-ser-um-artista >
Triunfo das Ruas. Disponível em < https://medium.com/revista-bravo/triunfo-das-ruas-3abe69f121fc >
Jean-Michel Basquiat. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Michel_Basquiat >
Há 60 anos, nascia o pintor neo-expressionista Jean-Michel Basquiat. Revista Bravo 2018. Disponível em < https://medium.com/revista-bravo/triunfo-das-ruas-3abe69f121fc >
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