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Spike Lee

Spike Lee – Cineasta, escritor, ator, produtor e professor norte-americano.

Há 400 anos nós fomos roubados da África e trazidos para a Virginia, escravizados. A minha avó, que viveu até 100 anos de idade, apesar de sua mãe ter sido escrava, conseguiu se formar. Ela viveu anos com seu seguro social, e conseguiu me levar para a universidade NYU. Diante do mundo, eu gostaria de reverenciar os ancestrais que construíram esse país, e também os que sofreram genocídios.”  

O discurso acima foi feito quando Spike Lee levou pela primeira vez a estatueta do Oscar. O prêmio de Melhor Roteiro Adaptado foi conquistado em 2019 por seu trabalho em “Infiltrado na Klan”.  

Shelton Jackson Lee, ou simplesmente Spike Lee, é um ator, produtor, cineasta e professor norte-americano. Responsável pelos filmes mais importantes sobre a condição do negro na sociedade americana. Antes dele o movimento Blaxploitation nos anos 1970, já trazia a temática negra. Mas foi Lee quem trouxe os problemas do Brooklyn, o bairro mais populoso de Nova York, que abriga a maior comunidade afro-americana dos EUA, para as telas do mundo, pondo fim ao cinema “feito por negros para negros”. 

Tornou-se ícone do cinema afro-americano, Spike sempre abordou a temática racial abrindo as portas em Hollywood para uma conscientização sobre os problemas sociais do país. Além de diretor, produtor e roteirista, ele seguidamente atua em seus próprios filmes.

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Nascido em 20 de março de 1957 em Atlanta, na Geórgia, sul dos EUA, em uma época marcada pelo preconceito racial, mudou-se com sua família, quando tinha três anos, para o Brooklyn, onde adquiriu toda a sua consciência social. Filho de uma professora de Artes e de um músico de jazz. Lee foi um aluno de graduação do Morehouse College, uma das “historically black colleges” dos EUA. Em seguida, fez a pós-graduação na Tisch School of the Arts da New York University (NYU), focado em cinema e televisão que gerou cineastas do porte de Martin Scorsese, Joel Coen, Jim Jarmusch, Charlie Kaufman, M. Night Shyamalan e Ang Lee, entre outros.

Em 1983, lança o filme independente Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads, como tese de mestrado e acaba ganhando um Student Academy Award e ainda uma exibição especial no New Directors/New Films. A partir daí várias portas se abrem e Lee lança em 1986 Ela Quer Tudo, seu primeiro longa por um grande estúdio. Mas é somente três anos depois que a revolução começa. 

Em 21 de julho de 1989 chega aos cinemas americanos o impactante “Faça A Coisa Certa”. Sucesso tanto de público quanto de crítica, é indicado ao Oscar por melhor roteiro original e aos principais prêmios do cinema nos EUA e também à Palma de Ouro do Festival de Cannes. Apesar de esnobado nas principais premiações americanas, o Golden Globes e o Oscar, o filme tem o apoio de várias celebridades na época. Com Faça a Coisa Certa, Lee consegue reproduzir com maior fidelidade a sua visão do cotidiano das minorias. Cansado da maneira estereotipada que seu povo sempre fora retratado nas telas, Lee tem, normalmente, como tema o racismo, porém, trabalha diferentemente de tudo o que se viu até então, ao mostrar toda a complexidade dos guetos norte-americanos, não apenas os negros, mas os latinos, orientais, mestiços, etc. Ele destrói maniqueísmos criados em torno desses temas, mostrando como essas etnias também sabem ser preconceituosas e intolerantes.

Depois de “Faça A Coisa Certa”, Lee é alçado ao primeiro escalão de diretores de Hollywood e aproveita bem seu momento. Dirigiu vários comerciais de TV, entre eles: Nike, AT & T, Diet Coke, American Express, ESPN e The New York Times – Dirigiu vários clipes musicais, dentre eles os de Michael Jackson, Prince e Stevie Wonder. Começa a se destacar também como documentarista. 

Segue-se uma lista de filmes dos anos seguintes que são obrigatórios para qualquer candidato a cineasta ou mesmo apreciadores da boa sétima arte – Mais e Melhores Blues, Febre da Selva, Malcolm X, Irmãos de Sangue (em parceria com Martin Scorsese) e Garota 6.

Em 1997, lança o documentário Quatro Meninas – Uma História Real e acaba sendo indicado ao Oscar de Melhor Documentário. Em 1999, lança outra obra-prima, O Verão de Sam, seu primeiro filme sem foco principal em personagens negros. Porém em 2000, em A Hora do Show retoma ao tema do preconceito racial. A genialidade de Lee aliada à sua experiência resulta em uma sequência de documentários para a TV sensacionais e alguns filmes extraordinários, como A Última Noite, de 2002, e O Plano Perfeito, de 2006. 

Em 2006, o americano ganhou um Oscar Honorário e na época criticou a quantidade de negros concorrendo ao prêmio.

 Segue ao longo dos anos aumentando sua já grande filmografia com intenso ritmo de trabalho no cinema, em séries de TV, publicidade e videoclipes. Lee só retomaria a questão negra e suas raízes do Brooklyn em 2012, com o imperdível O Verão de Red Hook. Em 2014, ele lança o suspense Da Sweet Blood of Jesus. E em dezembro de 2015 estreou nos cinemas americanos a comédia dramática Chi-Raq, uma adaptação da peça grega Lisístrata. Com elenco estelar encabeçado por Samuel L. Jackson, Wesley Snipes, Jennifer Hudson e John Cusack.

Em 2019, Spike Lee levou seu primeiro Oscar competindo com outros profissionais, pelo roteiro adaptado de “Infiltrado na Klan”. (BlacKkKlansman, título original) 

O diretor de cinema permanece no trabalho de mostrar a perspectiva da comunidade negra nas telas. O longa, Destacamento Blood, de 2020 pela Netflix,  mostra a realidade de negros que vivenciaram a Guerra do Vietnã e a importância deles para o exército. O filme tem Chadwick Boseman (Pantera Negra) e Jean Reno (O profissional) no elenco. Spike Lee também é o presidente da edição de 2020 do clássico Festival de Cannes.

Cineasta brilhante ao longo de 40 anos de carreira, produziu filmes icônicos que foram responsáveis por alçá-lo à categoria de um dos mais influentes e divisores cineastas dos Estados Unidos e do mundo. Importante nome do cinema, Lee usa as produções de maneira provocativa, resultando em inúmeras discussões importantes para o cenário político, social e artístico. Em tantos anos de carreira, o cineasta não abandona a vontade de denunciar os grandes males do mundo, como o racismo. Atualmente, além de dirigir filmes, o diretor é professor de cinema na Universidade de Nova Iorque.

(*Embora o nosso texto seja elaborado a partir de referências e fontes explicitadas abaixo, alertamos que poderá conter simplificações a fim de resumir narrativas e adequar ao espaço proposto pelo blog. Att.: Black Blog/Estrela Preta)
 

Fontes

Todos os filmes de Spike Lee,do pior ao melhor. Rolling Stone, jun 2020. Disponível em < https://bit.ly/2MvlfvG/ >                                                                                                                                      
Spike Lee –  biografia. Tudo Sobre Seu Filme. Disponível em <https://bit.ly/3chnEEU >
Um gênio chamado Spike Lee. Todos Negros do Mundo, mar 2016. Disponível em <https://bit.ly/3tc4cj8 >             
 

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