Frantz Fanon – Psiquiatra e Filósofo.
“ Oh, meu corpo, faça de mim um homem que sempre questiona!”
Frantz Omar Fanon, Forte da França, Martinica (1925). Psiquiatra, filósofo mas fundamentalmente revolucionário marxista anti-colonialista, Franz Fanon dividiu a sua curta vida entre a militância independentista, sobretudo na Argélia, e a teoria crítica comunista e pós-colonial, desenvolvendo ainda uma tese pioneira que batizou de psicopatologia da colonização: Peles Negras, Máscaras Brancas (1952).
As suas obras tornaram-se influentes nos campos dos estudos pós-coloniais, da teoria crítica e do marxismo. Além de intelectual, Fanon era um radical político, pan-africanista e humanista marxista preocupado com a psicopatologia da colonização e as consequências humanas, sociais e culturais da descolonização.
Durante o seu trabalho como médico e psiquiatra, Fanon apoiou a Guerra de Independência da Argélia em relação à França e foi membro da Frente de Libertação Nacional da Argélia.
Durante mais de cinco décadas, a vida e obra de Frantz Fanon inspiraram movimentos de libertação nacional e outras organizações políticas radicais na Palestina, Seri Lanca, África do Sul, e Estados Unidos. Ele formulou um modelo para a psicologia comunitária, acreditando que muitos pacientes com problemas de saúde mental fariam melhor se fossem integrados na sua família e comunidade, em vez de serem tratados com cuidados institucionalizados. Ajudou também a fundar o campo da psicoterapia institucional enquanto trabalhava em Saint-Alban sob François Tosquelles e Jean Oury.
Fanon publicou numerosos livros, incluindo o Os Condenados da Terra[EN] (1961). Este influente trabalho centra-se naquilo que ele acreditava ser o papel necessário da violência dos ativistas na condução de lutas de descolonização.
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Descendente de escravos africanos, Fanon cresce no seio de uma classe média ascendente, o que lhe permite prosseguir os estudos. No liceu conhece o seu conterrâneo escritor e militante anti-colonialista Aimé Césaire. Após a ocupação nazi da França, em 1940, o racismo na ilha agudiza-se o que vai contribuir bastante para a politização e dissidência de Fanon. Aos dezoito anos alista-se nas Forças Livres Francesas, unidades militares oposicionistas que operavam pelos aliados na vizinha ilha de Dominica. Vários anos de guerra passando pelo norte de África e Europa. Regressa a Martinica em 1945 onde se junta ao Partido Comunista Francês e faz campanha pela eleição de Césaire, mas rapidamente se muda para França onde inicia os estudos em medicina e psiquiatria. Em 1951 exerce em França e dois anos depois num hospital na Argélia, até 1957. Aí toma contacto com a brutal guerra de independência e adere à Frente de Libertação Nacional. É nesse período que escreve “Les Damnés de la Terre” (Os Condenados da Terra) onde defende o uso da violência na luta pela independência. Durante estes anos viaja abundantemente pelo país fazendo diversos estudos psico-culturais sobre o povo argelino e envolvendo-se em várias atividades clandestinas de resistência. Em 1957 é expulso para a França, daí viaja para a Tunísia onde mantém um trabalho ativo de solidariedade com a luta independentista argelina. Por essa altura faz uma viagem ao deserto do Sahara onde lhe é diagnosticada leucemia. Com vista a ser tratado, viaja pela União Soviética e pelos Estados Unidos da América onde morre em 1961 de pneumonia devido ao seu debilitado estado.
As suas ideias estimularam obras influentes no pensamento político e social, da teoria da literatura, aos estudos culturais passando pela filosofia. Deixou livros fundamentais sobre a diáspora africana: Os Condenados da Terra (1961), Peles Negras, Máscaras Brancas (1952), Sociologia de uma Revolução (1959) . Postumamente editou-se uma antologia com os seus escritos intitulada Em Defesa da Revolução Africana (1964).
Fala-se muito de estudos fanonianos, devido ao tal volume de estudos que têm a sua obra como objeto de reflexão.
Fanon, ainda hoje, é um nome central nos estudos culturais, pós-coloniais e africano-americanos, seja nos Estados Unidos, na África ou na Europa.
(*Embora o nosso texto seja elaborado a partir de referências e fontes explicitadas abaixo, alertamos que poderá conter simplificações a fim de resumir narrativas e adequar ao espaço proposto pelo blog. Att.: Black Blog/Estrela Preta)
Fontes
Frantz Fanon. Buala. Disponível em < https://www.buala.org/pt/autor/frantz-fanon>
Frantz Fanon. Wikipedia. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Frantz_Fanon>
Pele Negra, Máscaras Brancas (1952). Em arquivo PDF. <https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2013/08/Frantz_Fanon_Pele_negra_mascaras_brancas.pdf>
Quem foi Frantz Fanon – Manual do Jones/ Carta Capital – YouTube. Disponível em <https://https://www.youtube.com/watch?v=H6_9LL1qQXw>
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